quarta-feira, 15 de julho de 2009

O que são histórias em quadrinhos?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Muitos classificam as histórias em quadrinhos como literatura, tanto é que temos Fun Home – Uma tragicomédia em família, de Alison Bechdel como livro do ano ano pela revista Time, em 2006 e American Born Chinese, de Gene Luen Yang concorrendo no prêmio literário National Book Award. Ainda podemos destacar o Pulitzer que o autor Art Spiegelman ganhou em 1992 com uma obra feita em quadrinhos e não podemos esquecer do feito de Alan Moore com sua obra Watchmen, na lista dos cem melhores romances elegidos pela revista Time novamente. Analisando as premiações acima (todos são prêmios literários), concluímos então que as hqs são literatura. Errado!

Paulo Ramos trata as hqs como uma linguagem autônoma, ou seja, assim como o cinema é cinema e a literatura é literatura, as histórias em quadrinhos seriam simplesmente histórias em quadrinhos. Então, como explicar as hqs sendo premiadas como literatura? Podemos dizer que as hqs são literatura e cinema, como também podemos dizer que não o são. Para ficar mais claro, as hqs contém cinema e literatura, mas ela não é propriamente cinema e literatura. Por isso as hqs são chamadas de “nona arte”. Veja o que disse Douglas Wolk no seu Reading Comics – how graphic novels work and what they mean.

Quadrinhos não são prosa. Quadrinhos não são filmes. Eles não são um meio movido pelo texto com figuras adicionadas; eles não são o equivalente visual da narrativa em prosa ou uma versão estática dos filmes. Eles são sua própria coisa: um meio com dispositivos próprios, com inovadores próprios, clichês próprios, seus próprios gêneros, fórmulas, armadilhas e liberdades. (Douglas Wolk)

Scott McCloud juntou os conceitos apresentados por Will Eisner (Histórias em quadrinhos e arte sequêncial) e colocou os quadrinhos dentro do domínio discursivo das imagens estáticas que compõem uma sequência literária (daí surgiu o termo “arte sequêncial”). Entretanto, essa discussão irá permear durante muito tempo, pois ainda há aqueles que classificam as histórias em quadrinhos como literatura. Sendo literatura ou não, as HQs hoje desempenham um papel fundamental nas pessoas, de várias formas possíveis, desde o inocente entretenimento até a mais madura crítica social (vide a charge de Angeli, acima).

Por Rafael Camargo.


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